domingo, 13 de abril de 2014

Que tal falar um pouco sobre a questão da avaliação no Ensino Superior? Questão que envolve polêmicas, pois mostra que avaliar não é uma tarefa simples mas extremamente complexa...



Conversando sobre : Instrumentos e técnicas  de avaliação na Educação

Dialogando com alguns autores percebe-se que a avaliação é um processo de coleta de dados sobre a aprendizagem e tem por objetivo analisar o progresso dos estudantes  com vistas à  tomada de decisões quanto ao que fazer para garantir que a aprendizagem seja  cada vez mais efetiva. Para obter essas informações, podem ser utilizadas várias técnicas dependendo dos objetivos e da natureza do componente curricular que está sendo avaliado.
Auto-avaliação
Consiste na formulação de alguns critérios  de avaliação para que o próprio estudante analise criticamente sua  aprendizagem no decorrer de um período. Nas primeiras vezes em que forem convidados a se auto-avaliarem,  é possível que os estudantes apresentem algumas dificuldades e inibições ou que  reproduzam o estereótipo que entende a avaliação como uma nota e procurem se avaliar de maneira excessivamente  positiva para direcionar o olhar do professor rumo a uma nota alta.Mas no decorrer dop rocesso, se o professor orientar claramente os alunos acerca do objetivo desse trabalho, estes vão desenvolvendo a autonomia e sendo cada vez mais críticos na auto-avaliação. Segundo Sant’Anna, graças à auto-avaliação os alunos adquirem uma capacidade cada vez maior de analisar suas próprias aptidões, atitudes, comportamentos, pontos fortes, necessidades e êxito na consecução de  propósitos. 
Apresentação oral
Uma das atividades de cunho avaliativo, a apresentação oral objetiva avaliar o domínio do conteúdo pelo aluno ou pela equipe, alem das habilidades de uso da língua portuguesa com clareza e coerência. É importante que o decente estabeleça critérios para avaliação desse tipo de atividade, de modo a garantir um certo nível de objetividade.
 Trabalhos em Grupo
A avaliação de trabalhos em grupo exige alguns cuidados. Inicialmente é preciso ter claro que, já no momento da explicação do trabalho para a turma, é estabelecida a possibilidade de uma avaliação criteriosa que realmente contribua para a aprendizagem. É necessário tomar alguns cuidados, tais  como  deixar clara a razão do trabalho, apresentar os objetivos que se pretende alcançar com a sua execução,  contextualizar o trabalho, estabelecer seus limites e extensão, produzir cronograma, explicar desde o início, quais serão os critérios  de avaliação dentre outros.
No decorrer das aulas, será necessário  também orientar o planejamento e execução do trabalho. É muito importante que se exija o desenvolvimento de uma problematização e não apenas a pesquisa de um tema na biblioteca.
O estabelecimento de critérios de avaliação negociados com a turma já no momento da solicitação também é muito importante. Os trabalhos em grupo podem ter ainda caráter prático, como no caso de realização de experiências ou testes em laboratório, planejamento de ações, manipulação de aparelhos ou ferramentas, simulação de tarefas, construção ou orientação de um produto (peça publicitária, maquete, planta,projeto, etc.), dentre outros.
Produção de textos
Trata-se de avaliação de resumos, fichamentos, resenhas, relatórios ou de outros textos nos quais o estudante precise expressar uma construção própria sobre um tema ou uma problematização, como ocorre na produção de um artigo.
Em todos os casos é importante verificar  a adequação de texto à proposta. Dito de outra forma, se o solicitado for uma resenha, o texto precisa ter a estrutura de uma resenha e não de um resumo. Mas, não basta supor que os alunos conheçam cada um desses modelos. É importante retomar as características e a estrutura dos textos com os alunos no momento de sua solicitação: qual a estrutura deles,que características devem ter, a adequação às normas técnicas, as referências básicas que devem orientar a produção, etc. Mas uma vez,  insistimos que é no momento do ensino que se garante uma produção e,  portanto uma avaliação que favorece a aprendizagem.
Portfólio
O objetivo principal do portifólio é demonstrar o processo e, por isso mesmo, não elimina a necessidade de propor aos alunos momentos em que são chamados a fazer sínteses de suas aprendizagens. Por outro lado, para que possa realmente cumprir a função de orientar a aprendizagem dos alunos e o trabalho do professor- mostrando-lhe o que ainda precisa ser retomado-, precisa ser verificado periodicamente.
Trabalhos de pesquisas
No ensino superior, os trabalhos de pesquisa devem assumir característica de busca autônoma do conhecimento. Por isso, não podem de modo algum, configurar-se como mera “pesquisa sobre...”. Cabe ao docente encaminhar as pesquisar a partir uma problematização, como fundamento para análise de um caso, como referência para análise do pensamento de um autor etc.

Aplicação de provas
Consiste em um momento no qual o estudante  deve “provar” que adquiriu o conhecimento trabalhado num período de tempo. Por se tratar de uma situação pontual, é importante  que seja relativizada e compreendida como um elemento de reflexão para professor e aluno. Após a correção, a prova deve ser comentada com os alunos, pois só assim se transformará em elemento de aprendizagem.
Toda discussão a cerca do papel  e da importância da avaliação como processo não descarta a utilização das provas,principalmente no caso em que o professor tem poucas horas/aulas com a turma em questão, o que relativamente comum no ensino superior. Mas como nos lembra Moretto, a prova precisa ser transformada num momento privilegiado de estudo e deixar de ser um acerto de contas entre professor e aluno.
Avaliar exige uma postura crítica e reflexiva envolvendo todos os sujeitos que dela participam, pois ser cidadão não é só estar inserido nas práticas sociais, mas também saber intervir, sobre elas.
A avaliação implica um encontro com os outros, como pessoas, e se concretiza em projeto de melhoramento que sirva para potencializar os professores por meio do diálogo e reflexão de sua prática.  Entendida assim, não é uma simples metodologia, mas uma filosofia que define aspectos essenciais que se apóiam em uma teoria do sujeito, da escola, da sociedade, dos valores e do conhecimento. (ENRIQUEZ& MARTINEZ apud Sobrinho,2000:p.172)
Avaliação diagnóstica
É um instrumento do nível de conhecimento que o aluno possui, que visa detectar a presença ou a ausência do conhecimento do mesmo. O diagnóstico se constitui de uma sondagem da situação de vivências e desenvolvimento de cada pessoa envolvida no processo. A avaliação diagnóstica leva em consideração todos os elementos e as circunstâncias que fazem parte daquela realidade.
Segundo uma crítica recorrente, o professor só realiza a avaliação diagnóstica quando parte da concepção de que nenhum ser humano é igual ao outro,cada ser é único na sua singularidade e relevância.
Diante de tal entendimento, a relação entre professor e aluno deve se dar por meio de uma prática dialética,na troca entre ambos os participantes do processo do conhecimento.
Avaliação formativa
Tem como preocupação central coletar dados para reorientar os processos de ensino e de aprendizagem. Empregada durante todo o processo considera todos os aspectos educacionais e permite a continuidade ou redimensionamento do processo de ensino.
Uma avaliação formativa deve ter como sede principal os fins da instituição, o que pressupõe a necessidade de compreender os meios para atingi-los. Estamos diante de um fenômeno epistemológico que significa, ao mesmo tempo, limite e potencialidade É limite porque temos que nos deter aos fins que queremos alcançar, enredando-se na circularidade hermenêutica, e é potencialidade porque precisamos compreender os meios, estruturá-los e fundamentá-los com coerência diante uma realidade complexa. A intencionalidade construtiva facilita a passagem da atitude passiva ante a mera posição participativa, que é facilitada por esse tipo de propedêutica, buscando lógicas humanísticas e criticas de um processo formativo.
Este tipo de avaliação fundamenta-se em aprendizagens significativas e funcionais, que se aplicam em diversos contextos e se atualizam o quanto for preciso para que se continue a aprender, prezando uma educação continuada. Somente neste contexto, é possível falar em avaliação inicial e final, que contribui para o desenvolvimento das capacidades dos  alunos e amplia a qualidade de ensino, prevendo-se que os sujeitos possuem ritmos  e processos de aprendizagem diferentes. 
Avaliação Mediadora
Trabalha os mesmos princípios e fundamentos da avaliação formativa. Tem como principal enfoque mediar e intervir de modo que ajude o aluno a progredir e superar suas dificuldades. Introduz a problemática do erro em perspectiva dialógica e construtiva, refletindo o paradigma positivista da avaliação, encaminhando o indivíduo à superação e ao enriquecimento do conhecimento.
A tarefa da educação deve estar embasada na dinâmica de ajudar o educando a desenvolver reflexivamente formas de pensamentos consideradas relevantes na sociedade e, mais que isso, partir da perspectiva de descobrir o que sabe, quem aprende e o modo como assimilou tais conhecimentos.
A avaliação formativa considera os aspectos cognitivos e evolutivos do ser humano,  fundamentando-se em seus processos afetivos, relacionais e de aprendizagem e concretizando-se em seus aspectos funcionais e significativos dos  diversos contextos de aprendizagem para a vida para  efetiva reforma de ensino.
A avaliação formativa é avaliação  reflexiva, que propicia ao aprendiz perceber e ser dono do seu processo de aprendizado, dinamizando a oportunidade de ação-reflexão, de criação e reformulação.