IDENTIDADE
Num dia frio chuvoso, numa ladeira enlameada, escorregadia, na luta, na lida, na ânsia de conhecer-me indaguei:
"Quem sou eu"?
Alcançando a planície, choroso, triste, alegre, vislumbrei um lago.
Aproximando-me, enxerguei-me na água.
Como foi forte aquele momento de identidade!
Eu e a minha forma.
O meu interior analisava o exterior: éramos iguais?
Éramos um e dois?
Que estranho...Ao mesmo tempo que sentia a identidade, sentia o vazio.
Parecia que tinha o poder de dar e tirar de mim mesmo o que mais queria.
Fiquei cismado, olhando, procurando.
Sem saber, caminhava, quase me abandonava.
No entanto, quando procurava o descanso, o corpo repousado, a mente convulsa, o espiríto falava, procurava, identidade.
Encontrei na jornada homens ricos e pobres, mulheres lindas e feias, crianças bem vestidas e crianças descalças.
Todos velhos e jovens, todos, não andavam sem manchar as vestimentas.
A poeira, o vento e as intempéries penetravam, alongavam e diminuíam a vida.
Sufocado algumas vezes; apoucado, outras, sempre meu interior gritava, gritava, gritava, buscando responder o porquê de tantas coisas, de tantos momentos.
Assim, cruzei campos, riachos, rios, lagoas, mares e oceanos.
Subi e desci montanhas, ouvi vozes.
Falei, cantei, fui culto e inculto.
Não sei, não tenho condições de revelar o quanto, em cada momento, cresci, fiz formação.
Sei que na dor e na alegria, na esperança e na desesperança, consegui aprender que todo meu ser, para se alcançar, tem que passar pelas diversas etapas do aprendizado, pois só assim firma sua identidade, sendo plenamente, o ser que busca eternamente.
Antônio Grimm - Identidades e Paradoxos
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