IDENTIDADE
Num dia frio chuvoso, numa ladeira enlameada, escorregadia, na luta, na lida, na ânsia de conhecer-me indaguei:
"Quem sou eu"?
Alcançando a planície, choroso, triste, alegre, vislumbrei um lago.
Aproximando-me, enxerguei-me na água.
Como foi forte aquele momento de identidade!
Eu e a minha forma.
O meu interior analisava o exterior: éramos iguais?
Éramos um e dois?
Que estranho...Ao mesmo tempo que sentia a identidade, sentia o vazio.
Parecia que tinha o poder de dar e tirar de mim mesmo o que mais queria.
Fiquei cismado, olhando, procurando.
Sem saber, caminhava, quase me abandonava.
No entanto, quando procurava o descanso, o corpo repousado, a mente convulsa, o espiríto falava, procurava, identidade.
Encontrei na jornada homens ricos e pobres, mulheres lindas e feias, crianças bem vestidas e crianças descalças.
Todos velhos e jovens, todos, não andavam sem manchar as vestimentas.
A poeira, o vento e as intempéries penetravam, alongavam e diminuíam a vida.
Sufocado algumas vezes; apoucado, outras, sempre meu interior gritava, gritava, gritava, buscando responder o porquê de tantas coisas, de tantos momentos.
Assim, cruzei campos, riachos, rios, lagoas, mares e oceanos.
Subi e desci montanhas, ouvi vozes.
Falei, cantei, fui culto e inculto.
Não sei, não tenho condições de revelar o quanto, em cada momento, cresci, fiz formação.
Sei que na dor e na alegria, na esperança e na desesperança, consegui aprender que todo meu ser, para se alcançar, tem que passar pelas diversas etapas do aprendizado, pois só assim firma sua identidade, sendo plenamente, o ser que busca eternamente.
Antônio Grimm - Identidades e Paradoxos
quinta-feira, 16 de julho de 2015
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Muito interessante esse texto! Vale a pena conferir pessoal.
Sem esforço e sem exemplo por Lya Luft
Não creio que a gente ande tão ruim de português por causa das redes sociais ,dos torpedos no celular.
Essa reclamação tem cheiro de mofo.
O interessante é que ,embora digam que se lê pouco, as editoras vendem mais que nunca ,bienais e feiras ficam lotadas, e mesmo assim não conseguimos nos expressar direito, nem oralmente e nem por escrito. Se lemos mais , por que escrevemos e falamos mal?
Penso que, coisas verificadas há trinta anos em meus tempos de professora universitária,
andamos com problemas de raciocínio. Não aprendemos a pensar , observar, argumenta( qualquer esforço maior foi banido de muitas escolas), portanto não sabemos organizar nosso pensamento,
muito menos expressá-lo por escrito ou mesmo falando. "Eu sei, mas não sei dizer" , " Eu sei , mas não consigo escrever isso"são frases ouvidas há muito tempo , tempo demais.
A exigência aos alunos baixou de nível assustadoramente , e com isso o ensino entrou em questão vertiginosa. Tudo deve parecer brincadeira. Na infância, ensinam a chamar as professoras de tias, coisa com o que, pouco simpática, sempre impliquei: tias são parentes. Professoras , ou os carinhosos profes, ou pro, são pessoas que estão ali para cuidar , sim, mas também para educar ps bem pequenos.Modos á mesa, civilidade, dividir brinquedos, não morder nem bater, socializar-se enfim da maneira menos selvagem possível. Depois, sim, devem educar e ensinar . Sala de aula é para trabalhar ; pátio é para brincar.Não precisa ser sacrifício, mas dar uma sensação de coisa séria , produtiva e boa. Por alguma razão, lá pela década de 60 inventamos , melhor: importamos a de que ensinar é antipático e aprender,ou estudar é crueldade infligida pelos adultos . Tabuada, nem pensar.Ortografia, longe de nós. Notas abolidas : agora só os vagos conceitos. Reprovação seria o anátema. È preciso esforçar-se, e caprichar , para ser reprovado. Resultado: alunos saindo do ensino médio para a faculdade sem saber redigir uma página ou parágrafo coerente e em boa ortografia em seu próprio idioma.
O acesso á universidade , devido a esse baixo nível do ensino médio, reduziu-se a um facilitarismo assustador. Hordas de jovens entram na universidade sem o menor preparo. São os futuros bacharéis que não vão passar no exame da Ordem, Outras providências desse tipo virão depois. Em vez de elevarmos o nível do ensino básico , vamos adotar o método da não reprovação. Me lugar de exigirmos mais no ensino médio, vamos deixar todos á vontade, pois com tantas cotas e outros recursos vão ingressar na universidade de qualquer jeito.
Além do ensino e do aprendizado, facilitamos incrivelmente as coisas no nível da educação, isto é, comportamento, compostura, postura, respeito ,civilidade.Alunos comem , jogam no celular, conversam , riem na sala de aula, na presença do professor que tenta exercer sua dura profissão , como se estivessem no bar.Tente o professor impor autoridade, e possivelmente ele, não o aluno malcriado, será chamado pela diretria e admoestado. Caso tenha sido mais severo, quem sabe será processado pelos pais.
Não estou inventando: nesta coluna não escreve a ficcionista, mas a observadora da realidade.
A continuar esse processo anti educação, e nos altos escalões o desfile de péssimos exemplos,impunidades, negociatas e deboches , além do desastroso resultado do julgamento do mensalão, apesar de firulas jurídicas , teremos problemas bem interessantes nos próximos anos em matéria de dignidade e honradez. Pois tudo isso contamina o sentimento do povo, e pior : desanima os jovens que precisam de liderança positiva.
Resta buscar ânimo em outras pastagens, para não desistir de ser um cidadão produtivo e decente.
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