segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um texto muito interessante sobre EAD e a visão de um grande autor da área...



O que é educação a distância (*)


Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.
  
É ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
  
Na expressão "ensino a distância" a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra "educação" que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada.
  
Hoje temos a educação presencial, semi-presencial (parte presencial/parte virtual ou a distância) e educação a distância (ou virtual). A presencial é a dos cursos regulares, em qualquer nível, onde professores e alunos se encontram sempre num local físico, chamado sala de aula. É o ensino convencional. A semi-presencial acontece em parte na sala de aula e outra parte a distância, através de tecnologias. A educação a distância pode ter ou não momentos presenciais, mas acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e ou no tempo, mas podendo estar juntos através de tecnologias de comunicação.
  
Outro conceito importante é o de educação contínua ou continuada, que se dá no processo de formação constante, de aprender sempre, de aprender em serviço, juntando teoria e prática, refletindo sobre a própria experiência, ampliando-a com novas informações e relações.
  
A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o ensino regular. No ensino fundamental, médio, superior e na pós-graduação. É mais adequado para a educação de adultos, principalmente para aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como acontece no ensino de pós-graduação e também no de graduação.
  
Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. A maior parte das instituições que oferecem cursos a distância também o fazem no ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no Brasil.
  
As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo.
  
Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual (que conectam pessoas que estão distantes fisicamente como a Internet, telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade) o conceito de presencialidade também se altera. Poderemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" com sua imagem e voz, na aula de outro professor... Haverá, assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância.
  
O conceito de curso, de aula também muda. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. O professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos todos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento.
  
As crianças, pela especificidade de suas necessidades de desenvolvimento e socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação. Mas nos cursos médios e superiores, o virtual, provavelmente, superará o presencial. Haverá, então, uma grande reorganização das escolas. Edifícios menores. Menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. A casa e o escritório serão, também, lugares importantes de aprendizagem.
  
Poderemos também oferecer cursos predominantemente presenciais e outros predominantemente virtuais. Isso dependerá da área de conhecimento, das necessidades concretas do currículo ou para aproveitar melhor especialistas de outras instituições, que seria difícil contratar.
  
Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes). Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais na educação a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas e mesmo os meios de comunicação tradicionais buscam novas formas de interação. Da comunicação off-line estamos evoluindo para um mix de comunicação off e on-line (em tempo real).
  
Educação a distância não é um "fast-food" em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer dúvidas e inferir resultados. De agora em diante, as práticas educativas, cada vez mais, vão combinar cursos presenciais com virtuais, uma parte dos cursos presenciais será feita virtualmente, uma parte dos cursos a distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, ou seja, vendo-nos e ouvindo-nos, intercalando períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação conjunta. Alguns cursos poderemos fazê-los sozinhos, com a orientação virtual de um tutor, e em outros será importante compartilhar vivências, experiências, idéias.
  
A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou comentários). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV e WEB (a parte da Internet que nos permite navegar, fazer pesquisas...). Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador começa a poder acessar simultaneamente às informações que achar interessantes sobre o programa, acessando o site da programadora na Internet ou outros bancos de dados.
  
As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas. Com o alargamento da banda de transmissão, como acontece na TV a cabo, torna-se mais fácil poder ver-nos e ouvir-nos a distância. Muitos cursos poderão ser realizados a distância com som e imagem, principalmente cursos de atualização, de extensão. As possibilidades de interação serão diretamente proporcionais ao número de pessoas envolvidas.
  
Teremos aulas a distância com possibilidade de interação on-line (ao vivo) e aulas presenciais com interação a distância.
  
Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e propostas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendizagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; diferentes formas de avaliação, que poderá também ser mais personalizada e a partir de níveis diferenciados de visão pedagógica.
  
O processo de mudança na educação a distância não é uniforme nem fácil. Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso às tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora.


Bibliografia:
  
LANDIM, Claudia Maria Ferreira. Educação a distância: algumas considerações. Rio de Janeiro, s/n, 1997.
  
LUCENA, Marisa. Um modelo de escola aberta na Internet: kidlink no Brasil. Rio de Janeiro: Brasport, 1997.
  
NISKIER, Arnaldo. Educação a distância: a tecnologia da esperança; políticas e estratégias a implantação de um sistema nacional de educação aberta e a distância. São Paulo: Loyola, 1999.

domingo, 13 de outubro de 2013

Braisntorming...uma técnica de dinâmica de grupo que pode ajudar na elaboração de trabalhos acadêmicos



Vamos falar de Braisntorming?

O brainstorming ou tempestade de ideias, mais que uma técnica de dinâmica de grupo, é uma atividade desenvolvida para explorar a potencialidade criativa de um indivíduo ou de um grupo - criatividade em equipe - colocando-a a serviço de objetivos pré-determinados.

Um Braisntorming deverá funcionar da seguinte forma:

O orientador deverá incentivar todos os participantes a expressar suas idéias livremente;
Não deverá jamais haver uma discussão na sessão de brainstorming, principalmente quando as idéias estão sendo apresentadas;
Não poderá haver julgamentos das idéias. Sejam eles pela comunicação verbal ou corporal (mímicos gestos e caretas);
Todas as idéias deverão ser escritas numa flip-chart, dando oportunidade para que todo o grupo possa avaliar as mesmas, para que se chegue a um consenso;
Antes de analisar as idéias de outrem, peça que o mesmo justifique, para que assim você possa ter uma visão e uma consciência melhor da idéia exposta.
Só será permitido agrupar ou eliminar uma idéia com a permissão do indivíduo que a expressou;
Por último, priorize as idéias com a participação do grupo.



Brainstorming passo a passo:

1- Definir o problema (note que a palavra " problema " não é necessariamente negativo - o problema pode ser " Precisar de um produto novo para a época do Natal " ou " Como usar o orçamento da empresa efetivamente durante o ano"). Escrever concisamente o problema e ter certeza de que todo o mundo entenda o problema e que esteja de acordo com o modo que foi formulado. Não há necessidade de colocar muitas restrições no problema no momento.

2. 2- Dar um tempo limite - é recomendado em torno de 25 a 30 minutos, experiências anteriores demonstram que tempo é requerido. Grupos maiores demandam mais tempo para assimilarem as idéias de todos.

3. 3- Todos tem que opinar por soluções ao problema, enquanto uma pessoa de fora escreve-as ou entra no Brainstormer. Não deve haver ABSOLUTAMENTE NENHUMA CRÍTICA DE IDÉIAS. Não importa o quanto maluca, impossível ou tola uma idéia é, deve ser escrito abaixo. Riso deve ser encorajado. Críticas não. Por que? Porque deve-se encorajar o fluxo livre de idéias e assim que os participantes da sessão de brainstorming começam a temer crítica das suas idéias, eles pararão de gerar idéias. Além disso, as idéias que primeiro parecem tolas podem provar serem boas ou conduzirem a idéias muito boas.

4. 4- Uma vez que o tempo acabou, selecionar as cinco melhores idéias. Ter certeza de que todos os envolvidos na sessão de brainstorming estejam de acordo com a escolha.

5. 5- Escrever aproximadamente cinco critérios que julgar das melhores idéias selecionadas que podem resolver o problema. Critérios devem começar com a palavra " deve ", por exemplo, "ela deveria ter valor efetivo", "ela deveria ser legal", "ela deveria ser possível de terminar antes", etc.

6. 6- Dar para cada idéia uma pontuação de 0 a 5 pontos que dependem de como se conhece bem cada critério. Uma vez que todas as idéias foram marcadas para cada critério, somar as pontuações.

7. 7- A idéia com a pontuação mais alta resolverá melhor o problema. Mas deve-se manter um registro de todas as melhores idéias e suas pontuações no caso da melhor idéia se mostrar não ser executável no momento.


Enfim, estas são algumas orientações para se usar o brainstorming, sabendo que cada orientador pode adequar a metodologia da atividade ao seu contexto, não é uma ideia fechada , mas que pode ir se modificando a todo o tempo.


domingo, 6 de outubro de 2013

E o tema de hoje é argumentação...

Continuando a discorrer sobre sobre a argumentação encontrei um texto muito bom sobre a temática. Aproveitem a leitura , vale a pena!

O que é a argumentação?

Anthony Weston
Algumas pessoas pensam que argumentar é apenas expor os seus preconceitos de uma forma nova. É por isso que muitas pessoas pensam também que os argumentos são desagradáveis e inúteis. Argumentar pode confundir se com discutir. Neste sentido, dizemos por vezes que duas pessoas discutem, como numa espécie de luta verbal. Acontece muito. Mas não é isso o que os argumentos realmente são.
Neste livro, “apresentar um argumento” quer dizer oferecer um conjunto de razões a favor de uma conclusão ou oferecer dados favoráveis para uma conclusão. Neste livro, um argumento não é apenas a afirmação de certos pontos de vista, e não é apenas uma disputa. Os argumentos são tentativas de apoiar certos pontos de vista com razões. Neste sentido, os argumentos não são inúteis; na verdade, são essenciais.
Os argumentos são essenciais, em primeiro lugar, porque são uma forma de tentar descobrir quais os melhores pontos de vista. Nem todos os pontos de vista são iguais. Algumas conclusões podem ser apoiadas com boas razões; outras, com razões menos boas. Mas muitas vezes não sabemos quais são as melhores conclusões. Precisamos de apresentar argumentos para apoiar diferentes conclusões, e depois avaliar tais argumentos para ver se são realmente bons.
Neste sentido, um argumento é uma forma de investigação. Alguns filósofos e activistas argumentaram, por exemplo, que criar animais só para fornecer carne causa um sofrimento imenso aos animais e que, portanto, isso é injustificado e imoral. Será que eles têm razão? Não se pode decidir consultando os preconceitos que se têm. Estão envolvidas muitas questões. Temos obrigações morais para com outras espécies, por exemplo, ou é só o sofrimento humano que é realmente mau? Podem os seres humanos viver realmente bem sem carne? Alguns vegetarianos viveram até idades muito avançadas. Será que este facto mostra que as dietas vegetarianas são mais saudáveis? Ou é esse facto irrelevante, considerando que alguns não vegetarianos também viveram até idades muito avançadas? (É melhor perguntar se uma percentagem mais elevada de vegetarianos vivem até idades avançadas.) Talvez as pessoas mais saudáveis tenham tendência para se tornarem vegetarianas, ao contrário das outras? Todas estas questões têm de ser consideradas cuidadosamente, e as respostas não são, à partida, óbvias.
Os argumentos também são essenciais por outra razão. Uma vez chegados a uma conclusão bem apoiada por razões, os argumentos são a maneira pela qual a explicamos e defendemos. Um bom argumento não se limita a repetir as conclusões. Em vez disso, oferece razões e dados para que as outras pessoas possam formar a sua própria opinião. Se o leitor ficar convencido que devemos realmente mudar a forma como criamos e usamos os animais, por exemplo, terá de usar argumentos para explicar como chegou a essa conclusão: é assim que convencerá as outras pessoas. Ofereça as razões e os dados que o convenceram a si. Ter opiniões fortes não é um erro. O erro é não ter mais nada.
As regras para argumentar não são, pois, arbitrárias: elas têm um objectivo específico. Mas os estudantes (tal como outros escritores) nem sempre compreendem qual é o objectivo quando pela primeira vez lhes pedem para escrever um ensaio argumentativo — e se não se compreende o objectivo do que nos é pedido, é improvável que o façamos bem. Muitos estudantes, quando lhes pedem que argumentem a favor dos seus pontos de vista acerca de um qualquer assunto, escrevem declarações intrincadas dos seus pontos de vista, mas não oferecem verdadeiramente nenhumas razões para pensar que os seus pontos de vista são correctos. Escrevem um ensaio, mas não escrevem um ensaio argumentativo.
Este erro é natural. Na escola secundária, a ênfase é colocada na aprendizagem de assuntos que são razoavelmente pouco ambíguos e incontroversos. Não é necessário argumentar que foi Vasco da Gama que descobriu o caminho marítimo para a Índia, ou que Eça de Queirós escreveu Os Maias. Estes são factos que o estudante se limita a dominar, e que os seus ensaios se limitam a relatar.
Os estudantes vão para o ensino superior e esperam que as coisas sejam mais ou menos iguais. Mas muitos cursos superiores — especialmente os que exigem ensaios escritos — têm um objectivo diferente. Estes cursos tratam das bases das nossas crenças; exigem que os estudantes questionem as suas crenças, que elaborem e defendam os seus pontos de vista. Os assuntos discutidos nos cursos superiores são frequentemente os mais ambíguos e menos precisos. Sim, é verdade que foi o Vasco da Gama que descobriu o caminho marítimo para a Índia, mas quais foram verdadeiramente as causas da política expansionista? Sim, é verdade que o Eça de Queirós escreveu Os Maias, mas qual é o significado do romance? Há razões e dados favoráveis a diferentes respostas. Aos estudantes destes cursos é pedido que aprendam a pensar por si próprios, que formem as suas próprias opiniões de forma responsável. A habilidade para defender as suas opiniões é um sinal dessa capacidade, e é por isso que os ensaios argumentativos são tão importantes.
De facto, tal como os capítulos VII-IX irão explicar, para escrever um bom ensaio argumentativo o estudante tem de usar argumentos simultaneamente como um meio de investigação e como uma maneira de explicar e defender as suas conclusões. Para se preparar para escrever um ensaio, o estudante tem de explorar os argumentos que existem para os pontos de vista opostos; é necessário depois escrever o próprio ensaio como um argumento, defendendo as suas conclusões com argumentos e avaliando criticamente alguns dos argumentos dos pontos de vista opostos.
Anthony Weston
Texto retirado de A Arte de Argumentar, de Anthony Weston (Lisboa: Gradiva, 1996).

Argumentar é sim troca de conhecimentos!

 
Olha que interessante!!